quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Circuito dos Jequitibás - Morro do Queimado - Mesa do Imperador

Realizada em 02 de maio de 2010


No 1º fim de semana de maio de 2010, "Los Três Amigos " resolveram invadir o PNT pelo Horto Florestal, mais precisamente pelo Solar da Imperatriz (final da Rua Pacheco Leão - ponto final do 409). O acesso normal pela Estrada Dona Castorina estava fechado por conta do dilúvio que caiu no Rio de Janeiro no início do mês de abril.



Após passarmos pelo Solar da Imperatriz (atual Escola Nacional de Botânica Tropical) tomamos a trilha que sobe o Rio dos Macacos até encontrarmos a confluência com o Riacho do Pai Ricardo, onde iremos subir este último. Segundo uma publicação do Jardim Botânico, consta que a nascente do Rio dos Macacos fica localizada nas imediações da Mesa do Imperador.



No melhor estilo riponga, nosso nobre colega "Fininho" resolveu acionar a válvula de alívio e liberar pelotas de carbono orgânico na trilha. Depois do ato consumado o sujeito recorreu ao banho tcheco para efetuar a higienização do orifício corrugado.


Após uns 10 a 15 minutos subindo o Riacho do Pai Ricardo, encontramos uma ponte em arco de estilo romano por onde passa a Estrada Dona Castorina. Reza a lenda que essa estrada foi construída pelos chineses que vieram plantar arroz depois que a empreitada agrícola foi mal sucedida.



Passando por baixo da ponte romana da Estrada Dona Castorina, encontramos o paredão da represa do Quebra e a cachoeira de mesmo nome. Como não queríamos ser flagrados pela Guarda Municipal e correr o risco de sermos convidados a nos retirar,passamos batidos em direção à cachoeira do Chuveiro.


O setor Serra da Carioca do PNT é cortado por uma linha de transmissão da Light que sobe em direção às Paineiras (Estrada do Redentor); iremos nos guiar por elas até atingirmos a base do Morro do Queimado.


Chegamos na Cachoeira do Chuveiro às 12:30 e vejam que beleza: domingão de sol e ninguém na  água, quem conhece esse point sabe que no verão carioca o local fica lotado...


Também conhecida como Cachoeira do Box, a queda d'água deve ter uns 10 metros de altura com uma piscina natual bem bacana. De vez em quando alguns manés praticam cascading (rapel de cachoeira), pouco se importando com os banhistas que ficam abaixo.


Mesmo depois de quase um mês desde o temporal que castigou a cidade, a alta vazão da cachoeira ainda persistia a ponto de ser possível desaparecer atrás da torrente de água.


Subindo mais uns 5 minutos por uma trilha que sai à esquerda do "Chuveiro" encontramos a Cascata do Jequitibá; quem for sagaz e olhar por cima da queda d'água em direção à floresta vai perceber o jequitibá gigante.


Creio que em épocas de maior estiagem a vazão parece ser bem pequena; bem próximo existe uma outra pequena cachoeira mas por conta das chuvas o poço estava cheio de vegetação impossibilitando o acesso.


Quando nos aproximamos do Gigante da Floresta é difícil não se impressionar com a imponência do jequitibá, não só pela altura como também pela circunferência do tronco. Nos sentimos como os hobbits encontrando o Barbárvore (Ents) na Floresta de Fangorn.


A base da árvore é tão grande que existe uma pequena gruta onde cabem até 4 pessoas adultas. Jequitibás são nativos da Mata Atlântica, existentes somente na região sudeste e em alguns estados vizinhos.


Os jequitibás são do gênero Cariniana e alguns registros anotam espécimes com 60 metros de altura. Para se ter idéia do que significa 60 metros, basta lembrar que esta é a altura de um prédio de 20 andares. São árvores milenares que podem chegar aos 3000 anos de idade, como a que existe no município de Santa Rita de Passa Quatro (SP).
  
 

Será que alguém consegue adivinhar o que significa a foto acima? Os mais criativos podem dizer que se trata de um fiofó ou coisa parecida mas não é nada disso... Acreditem esta é a foto do teto no interior do tronco do jequitibá, é algo deveras abstrato, eu sei, mas a intenção foi justamente essa, retratrar os caprichos da natureza divina. 


Certamente os índios tupinambás que habitavam as florestas do Rio de Janeiro deveriam venerar este monumento natural, um senhor de mais de 1000 anos. Apesar da imponência, é difícil acreditar que o jequitibá figure na lista das espécies vegetais em extinção. No sul de Minas Gerais, nos arredores dos municípios de Cruzília e Baependi (Circuito Turístico das Montanhas Mágicas da Mantiqueira) existem vários espécimes, fazendo com que o local seja conhecido como "Morada dos Jequitibás".


Na cidade mineira de Carangola, o jequitibá símbolo da cidade ardeu em chamas por onze dias, após incêndio criminoso; infelizmente não resistiu e morreu no início de 2000, após mil e quinhentos anos de resistência. 
Bombeiros trabalharam sete dias para conter o fogo, que consumiu o interior do tronco, formando cratera dentro da qual a equipe da Polícia Florestal circulava facilmente e onde caberiam mais de dez pessoas.


Em outubro de 2009 uma espécie que ficava na zona rural do município de Guaranésia, sul de MG (Fazenda Pouso Alegre) foi derrubada por um forte vendaval. Era muito admirada pelos moradores e várias pessoas vinham de várias partes do país para conhecê-la. A árvore era apontada por especialistas como uma das mais altas e antigas da América Latina. Possuía uma  circunferência de 15,53 metros sendo necessários 12 homens para abraçá-la.