sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cachoeiras do Mendanha (Campo Grande-RJ)

Realizada em 27/11/2012




Após divulgação no Diretório Acadêmico durante a semana que antecedeu a caminhada, seis bravos representantes da Geologia-UFRJ se animaram para um roteiro na Zona Oeste, mais precisamente no bairro de Campo Grande nas encostas da Serra do Mendanha.



A Serra do Mendanha integra o Maciço do Gericinó e conforme a placa na foto acima foi inicialmente estudada pelo Alberto Ribeiro Lamego nos idos de 1948. Creio que ele tenha se graduado em Engenharia de Minas e não Geologia, pois em 1914 matriculou-se na Royal School of Mines, do Imperial College of Sciences and Technology em Londres.



No caminho para o início da trilha, na Estrada dos Eucaliptos, passamos por um clube que exibe uma réplica de um elefante. Será que o bolado paquiderme habitava antigamente esta área de Mata Atlântica? Evidente que não, mas em todo caso passamos a chamar esta arte de o "Elefante do Mendanha".


Começamos a trilha por volta das 13:30 e o calor junto com a umidade estavam sufocantes ainda mais dentro da mata; me lembro de ter visto no dia anterior que a previsão meteorológica do site accuweather estimava a sensação térmica de 42ºC.


Depois de 50 minutos de trilha chegamos ao complexo de cachoeiras e poços do Rio Guandu do Sapê. Além das quedas d'água chama a atenção o entalhe considerável que o curso do rio fez no Maciço do Gericinó-Mendanha.


Preferimos ficar em um platô mais destacado na parte de cima com uma visão privilegiada dos poços. Integravam o grupo: Ana "Lusitana"; Guilherme "Jagunço" (este que vos escreve); Gustavo "Beluga"; Maicon; Guilherme "Bob" e Ovídio Jr.


Bem ao lado do platô tem um poço com uma pequena queda d'água que funciona como um perfeita jacuzzi natural que propicia um hidromassagem daquelas; mais relaxante impossível...


Infelizmente algumas pessoas teimam em cozinhar nas margens do rio, se utilizando de fogueiras que deixam um aspecto feio e não condizente com a beleza do local. Caso necessite esquentar algum rango, utilize um fogareiro próprio para acampamento; existem vários modelos nas lojas especializadas a preços bem razoáveis.


Além dos restos de fogueira alguns porcalhões continuam deixando lixo nas margens do rio, em especial pacotes de biscoito, sacos plásticos e garrafas PET. Não é por falta de aviso pois bem próximo existe uma placa afixada em uma árvore que diz: AJUDE A MANTER ESSE LOCAL LIMPO. NÃO JOGUE LIXO NA ÁGUA, NEM NA FLORESTA. ENSAQUE SEU LIXO E LEVE-O DE VOLTA. Esse é só mais um dos princípios básicos de conduta consciente (mínimo impacto) que devemos seguir em ambientes naturais.


Fizemos nossa boa ação do dia recolhendo o lixo que estava ao nosso redor totalizando 6 sacolas plásticas (uma para cada integrante) , porém a quantidade que encontramos em outros pontos era impressionante. Lembre-se: embalagens vazias pesam pouco e ocupam espaço mínimo na mochila; se você pôde levar as embalagens cheias na ida, não vai ter dificuldade em trazê-las vazias na volta.


Este maravilhoso lugar me foi apresentado por um grande camarada dos tempos da graduação da oceanografia da UERJ (Filipe Chaves), no feriado de 20 de janeiro de 1998 (não tenho certeza do ano mas sim da data). Mal conhecia a Zona Oeste da cidade e me lembro que no Terminal Rodoviário de Campo Grande uma multidão se espremia nos ônibus que iam prara a Barra.


Todo final de semana tem gente aproveitando os escorregas desta parte do Rio Guandu do Sapê, porém vez ou outra algum incauto bate com a cabeça na rocha ou despenca das cachoeiras mais abaixo sendo necessário acionar o Corpo de Bombeiros.


Nos finais de semana durante o verão uma multidão costuma invadir essas cachoeiras;  já vi gente indo para as cachoeiras carregando churrasqueira e caixa de isopor nas costas, uma cena bizarra...




O nome Mendanha tem sua origem vinculada ao primeiro proprietário daquela fazenda, o Sargento-Mor Luiz Vieira Mendanha , poderoso senhor de escravos e grande produtor de açúcar e aguardente. 



As primeiras mudas de café chegaram a Campo Grande através do padre Antônio Couto da Fonseca, então proprietário da fazenda Mendanha, que as recebeu do Bispo Justiniano, um dos primeiros a cultivar o café no Rio de Janeiro.


A Fazenda Mendanha ganhou notoriedade devido ao fato de ter sido uma das primeiras terras cariocas a desenvolver-se no cultivo do café e, principalmente, porque de lá saíram grande parte das matrizes dos maiores cafezais fluminenses , que se alastraram pelo Vale do paraíba, até São Paulo, sendo responsável pela riqueza dessas áreas.



Partimos da informação de Lamego (1954) que reconheceu naquela área uma chaminé
vulcânica, constituída de tufos e aparentemente a presença de bombas, várias delas ôcas.
Amostras coletadas por O. Leonardos e A. Franco fazem parte da coleção petrográfica do
Departamento de Geociências da UFRRJ, as quais representam tipos de tufos.





O Maciço do Mendanha tem um comprimento de cerca de 18 km, na direção ENE-WSW, e uma largura média de 5 km, constituido a serra homônima com altitude máxime de 974 metros.





Retornamos para o Poço da Garganta e atestamos que a profundidade permitia mergulhar de cabeça sem medo. Aí o festival aqualoucos tomou corpo e cada um mostrou suas habilidades no salto ornamental.


Nosso ilustre recém-mestre Ovídio deu uma verdadeira aula de geologia, o brother tá sabendo muito de estrutural e ígnea.  



















Por fim resolvemos descer para as cachoeiras que se encontram mais abaixo mas como a água estava um pouco turva por conta do treinamento dos supostos "milicos", resolvemos apenas dar uma relaxada antes de pegar o caminho de volta.